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Sonhos de uma Andradina de verão!

Ninguém mais se lembra como caia a tarde nas ruas da cidade. Havia uma magia no ar que fazia tudo dar certo.
O Orlando do Lanches Papy já aquecia suas chapas para o seu famoso Bauru enquanto John Travolta subia a Paes Leme em sua cadeira de rodas gritando com o Chiruka na frente da Galeria Roma, antes deste abrir o Meu Buteco.
Havia graça no sobe e desce dos que procuravam pelos amigos nas noites de Andradina, e, como não havia whatsapp e muito menos carros e motos, em grande quantidade, o melhor veículo eram as caipirinhas do Bar do Zé Mococa ou as cervejas do Bar São Paulo.
O problema da locomoção era substituído pela concentração na Praça Municipal onde grupos de jovens se reuniam desde os bancos da praça até as mesas do Pinguin e da Bambina ( o Crocodilus veio bem depois).
E a magia continuava no ar!
As cores da noite eram cítricas que variavam dum amarelo gritante ao rosa neon. Era o começo dos anos 80/ 90.
Os cabelos eram longos, mais logo nos meninos do que nas meninas e os sonhos ainda vinham das leituras. (Nas bancas, fora as revistas para homens a Capricho, a Sabrina e as revistas com novelas batiam recordes de vendas.
Não haviam locadoras!
“No país das formigas” e “Heidi” eram os livros mais vendidos e os Andradinenses faziam filas na Livrolândia para comprarem a coleção Vagalume, Cristiane F e Feliz Ano Velho.)
E as noites eram mágicas!
Não importava o dia da semana: Todos os dias tinha o Recanto. Na sexta tinha Zé Bétio, Rosas de Ouro e Casarão!
Nos sábados ninguém saia da cidade com medo de perder os bailes do ATC, Fundão, ABA, pois no ABA Luiz Yamahira e Ernesto (esse que sonhava em ser prefeito) estavam trazendo o Super Som Uns e Outros, que eram a grande novidade do momento.
Valtinho, Nico, Miguel e Quécio Placo eram regidos por Orvalino Placo que, lá de baixo, dava o tom da noite.
A concorrência era feroz entre os conjuntos de Andradina, o Força do Sol, do Otacilio Mariano trazia duas novidades para as noites. Um jovem chamado de Portugal trazia seu amigo Edilson para tocar junto com Peninha no baixo e Tadeu na bateria. Há, ainda havia o Canela que igual a Tim Maia chegava atrasado mas nunca deixava de comparecer.
O Trimbica tinha o Som Laser junto com o seu irmão Nildo e o Pacaembu era a voz nova do momento.
Todos vinham embalados pelos Festivais que aconteciam na época e na cidade o Expê Coisa & Tal trazia o Marinho, o galã das noites locais. Ainda tínhamos os Janotas, Airton Óbici, Professor Tarelho, Tiãozinho do Trombone e a grande promessa daquela época era o trompetista Bolinha.
Federal a grande fera da cidade já não tocava mais em Andradina quando o Torre de Babel veio se apresentar aqui trazendo Marquinho na Guitarra e Junião (o grande mestre das fanfarras) no Trombone, porém a fera dos teclados, chegou a ver o Jessé se apresentar no ATC com o Placa Luminosa tendo Sapão como companheiro de cordas.
Hááá ! Quanta magia e promessas haviam nas noites de Andradina !
“Canções usavam formas simples pra falar de amor. Carrões e gente numa festa de sorriso e cor…”
O aniversário de 15 anos de Pepita , filha de Orensy e Maria Helena, foi no ATC e os convites foram disputados a tapa!
Na madrugada vitrola não rolava Blues mas Roupa Nova lançava Anjo e em São Paulo a Jovem Pan inaugurava a sua FM, que ainda não pegava aqui, mas Tarzan Boys era a música preferida do Pitian.
Os irmãos Carlão e Wilson da Stilus Som e a Ceduson (Celso e Duardo Son) dos irmãos Firmino concorriam com a Androids dos novatos Marquinhos e Marcos Carrara. Tinha também a Explosão do Som do Nikinho de Guaraçai.
O Balani era o maior e a sua Pop Music comandada por Sapão, Chiruca e o novato Renato Kioshi traziam ainda o Luis Carlos Sósia (na época Lú do Break) Frankinho, Bicho Cesar e a grande voz das noites andradinenses, Marcos Rocha.
Os bailes eram feitos assim: de um lado os conjuntos do outro as discotecas. No meio uma roda de pessoas dançando e nas laterais os que queriam paquerar!
E tudo mudava quando Gal Costa e Tim Mais gritavam para que todos fizessem de conta que ainda era cedo. Essa era a ordem para todos buscarem seus pares. Boy George cantava , já vestido de mulher, Love is Love. Menina Veneno, Linda Demais, Is this the end, Cry Sofly… nos diziam o tempo que tínhamos para conquistar o direito de levar a pessoa pretendida para casa. E, pegar na mão era para os mais ousados!
Mas o ápice de todas as noites era quando Harley Cabral, Doquinha, Franquinho e seus amigos dançavam as músicas do novato Michael Jackson…
Quantas saudades…
O que fizemos disso?!
O que faremos com aquilo…?
Volto… num próximo texto.
Até lá !
“Há quem diga que todas as noites são de sonhos. …Tudo aquilo não passou de um sonho, um sonho… de uma noite de verão… .”

Fonte
Marcos Aureio - Jornalista

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