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Quando a Paes Leme tinha duas mãos

Fidelcino Eujácio Dias, o Perigoso, batia um papo com o seu irmão Francisco Dias Sobrinho, o Chico da Clother, no Bar Bidú enquanto sua irmã Lucia passava do outro lado da calçada apressada por que se na Pedrogas do seu Alcenides não tivesse, ainda daria tempo para comprar na Andrafarma do Bertão o creme rinse e o Neutrox.

Os irmãos diziam que Lucia sempre comprava tudo na Orion, mas naquele sábado o Kobayashi resolveu fechar mais cedo.

Eles conversavam sobre como Andradina era feliz nos tempos de Moura Andrade e não sabiam. Quando havia na Paes Leme lugar par amarrar os cavalos e a Marajá Calçados ainda não existia.
– Tínhamos 3 hospitais em Andradina Chico, porém todo mundo queria ser consultado na farmácia Moderna causo que o seo João Miguel sempre acerta! – desabafou Fidelcino.
– Pois é! – responde Chico.
– O seo Zé Gardim da farmácia São José também é bom! O povo da Primavera compra tudo lá!

Enquanto os dois irmãos proseiam, noutro canto da cidade a empresa do Paisinho transportava com segurança os andradinenses, mas o ponto final era na frente da Casa Ideal e não cabia discussão sobre isso. Os mais antigos afirmavam que o segredo para chegar rápido ao destino era evitar as ruas Dom Bosco por causo das charretes que alia faziam ponto. Eram muitas! E ela, a rua Dom Bosco, terminava no muro ao lado do Hotel São Jorge.

E na rua Sergipe “o motivo era dado devido a danada formosura das sereias que por ali cantavam deixando os homens loucos.” Naquela época ainda não existia a Vila Alpina.

Na frente do seo Kozima, da Casa do Óleo e do Super Mercado do Centro ainda era possível. O Pessoal do Barro Preto sempre estavam ali a espera do transporte.
– O que será que vai ser de nossa região temos 3 usinas sendo construídas aqui! – Exclamou Perigoso.

A conversa ia de vento em poupa quando alguém lembrou que o Maestro Lapa e a Furiosa estavam tocando a Alvorada devido ao aniversario da cidade o desfecho final da Furiosa seria na Rodoviária, que fica ali na Barão do Rio Branco, mas Perigoso afirmava que Makoko tinha dito pra ele que a Rodoviária iria mudar de lugar.

Manoel de Matos tinha acabado de se eleger a vereador e junto com seu amigo Júnior, sim, o filho da dona Aristotelina, estavam comemorando na sorveteria Vaca Preta do seu Cláudio.

Os dois segredavam que havia um farmacêutico, menino novo e com ideias boas, que vinha de fora para montar uma distribuidora de remédios na cidade e seu nome era Hamilton Cáceres.

Tuim também passou por lá para informar a todos que havia feito o primeiro Motel de Andradina e que iria se chamar “Mon Cherrie”.

A cidade estava em dias de glória e a noite no Pinguim e no Terraço Caprióglio prometia. O Pé de Cedro também estava a mil e seo Alberto, o que tinha vindo de São Paulo, estava numa animação danada.

O bancário Ernesto que ganhava dinheiro com a Frutaria recebia naquele exato momento os doutores Paulo Coelho e Rui Prado. Os doutores Nabil e Adib já estavam lá conversando com o Sargento Vitorino e mal acabaram de entrar os Cabos Dirceu e Garcia passavam dentro da Veraneio da Força Policial e estavam apreensivos pois havia chegado um Tenente novo na cidade, um tal de Jovair que tinha fama de ser muito disciplinador. O Sargento Barbosa já havia avisado.

Enquanto isso no Cartório do Branco Mapeli o Adão e o Moises estavam mostrando ao Boy Cambaúva o porquê do Orensy e Semi não quererem vender uma data.

O contador Orlando Palhares, que ainda não sabia que montaria o Frian, junto com o seu irmão Rui vão ter como seu amigo Clóvis, da casa de Louça 3 Pratos sobre a nova prataria de sua casa para o fim de ano.

Com um talão de cheques do Banco Noroeste e do Banespa o outro Orlando, o dono do Lanches Papy passa apressado na frente da LIvrolândia e seo Nelson já adivinhava com um sorriso o motivo da pressa do amigo.

Nenhum dos dois imaginavam que seo Colacino a tudo via em frente da Discolândia.
Ah!! Que dias felizes!

Na frente do Cine Roma Dr Coutinho, Dr. Guedes e Silvio Lima Marinho acertam para irem a tarde na Lagoinha.

A poucos metros dali na Casa Takebe “Titio” contava a seus alunos de Judô que haveria festa no Clube Nippo que ficava ao lado da casa da Professora Joana e ao lado da Fábrica de Calçados, a Larbran.

Todos iriam mas antes, iriam passar na rua Rio de Janeiro porque acabava de chegar na cidade um quitandeiro que atendia pelo nome de Saito e preparava um delicioso Sashimi!

Fernando Demário e Ostair corriam para os preparativos da Expoan, e, olha que naquele ano a dupla Duduca e Dalvan estariam se apresentando pela primeira vez na cidade e iriam lançar a musica Espinheira. Eles tinham que caprichar porque o Colégio Stella Maris havia prometido para aquele ano a FICAR (Feira Industrial e Comercial de Andradina e Região) . A festa prometia e Osvaldo Pena, o sócio do farmacêutico Isael Soares (devo fofocar aqui que seo Isael iria acabar fundando um jornal na cidade) já escreviam nas páginas do periódico Debate sobre o evento!

Tudo isso acontecendo e na Paes Leme se subia e descia transeuntes ilustres, desconhecidos, mas a nenhum faltava dinheiro e amor pela cidade que crescia a olhos nus numa cidade que, naquela época, tinha mais de 70 mil habitantes!

Fonte
Marcos Aurelio - Jornalista

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